segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Com a brisa da manhã



Vagueou os olhos ao redor de si, tentando localizar-se no espaço do quarto frio que aquela manhã mergulhava em suave brisa.

Tentava organizar os pensamentos, sacudidos pelas poucas horas de sono e pelas outras tantas, intensas, vividas na noite anterior.

Ainda tinha dúvidas sobre os fatos. Teria sonhado? Teria vivido? Teria vivido um sonho? Teria sonhado uma vida? Descobrira-se vivo, novamente! E descobrira-se novamente viva a sua capacidade de sentir-se vivo e proporcionar vida!

Lembrou-se do brilho de um certo olhar... daquele olhar que o encantara... e enfeitiçara... e seduzira... Daquele olhar que o arrebatara da morte para uma nova vida.

Parecia-lhe sentir aquele olhar e aquele brilho nos próprios olhos, tão intensamente quanto sentira, na noite passada, o calor e o sabor daquele corpo.

E sob o impacto dessas lembranças, ao buscar organizar os pensamentos embalados pela brisa fria da manhã que invadia o quarto, pela janela, a lembrar que o dia recomeçava e outra hora surgia, ouviu o barulhar do celular, a meia distância, a dizer que um torpedo chegava, juntamente com a brisa da manhã.

Sentiu, novamente, o brilho daquele olhar nos próprios olhos, quando leu a mensagem recebida da dona daquele olhar:

- Meu momento ao seu lado foi simplesmente sublime! A mais bela palavra ainda não conseguiria traçar a ideia de quão transcendente foi o encontro dos nossos corpos, nos nossos olhos, das nossas carnes, dos nossos seres...

Sentiu faltar o ar nos seus pulmões... e sentiu bater o coração dentro do peito.

“Sim, estava novamente vivo!”, pensou...

... e sentiu nascerem eternidades dentro de si!

Um comentário:

Anónimo disse...

Olá Pedro,

E eu é que sou a sedutora?
Louco e divino texto!
Demora a chegar, mas quando chega é para arrasar.

Beijos de luz.
Bom resto de feriado.